Há muito, os holandeses se orgulham de sua identidade de povo tolerante, "terra prometida" para imigrantes perseguidos e generosa com fundos de "desenvolvimento" direcionados a outras nações. Esquivam-se, contudo, do papel que desempenharam historicamente no imperialismo, na escravatura e no genocídio colonialistas e consideram os não brancos, tanto na Holanda quanto fora dela, ingratos para com a ajuda de seu país. Esse artigo sintetiza pesquisas anteriores1 sobre as representações de escravidão, imigração e da África em todos os livros didáticos de história para ensino fundamental na Holanda publicados a partir de 1980, argumentando que estes apresentam metanarrativas eurocêntricas de europeização racial no contexto único da sociedade holandesa. Esses livros perpetuam o esquecimento social, pelos holandeses, da escravidão e do colonialismo científico, justificam intervenções históricas e contemporâneas na África, essencializam e problematizam os imigrantes e suas culturas, destacam a superioridade holandesa e facilitam a ideia de um "fardo holandês", que encontra a Holanda auxiliando, com relutância, minorias dentro e fora de suas fronteiras. Essas descobertas têm implicações importantes para o país e para todas as nações com uma população crescente de imigrantes, pois os discursos e conhecimentos apresentados nos livros didáticos têm afetado gerações sucessivas de estudantes, que formulam políticas locais e nacionais a respeito das minorias, identidades e ideologias raciais.
The Dutch have long taken great pride in their identity as tolerant, both as a "promised land" for persecuted immigrants and for generous "development" funds in foreign nations. However, the Dutch eschew their role in historical colonial imperialism, enslavement and genocide and consider non-whites, both in The Netherlands abroad, ungrateful for their nation's aid. This article consolidates previous research addressing depictions of enslavement, immigration, and Africa in all Dutch primary school history textbooks published since 1980 to argue that textbook depictions feature Eurocentric master narratives of racial Europeanization within the unique context of Dutch society. These books perpetuate Dutch social forgetting of slavery and scientific colonialism, justify historic and contemporary interventions in Africa, essentialize and problematize immigrants and their cultures, highlight Dutch superiority, and facilitate a "Dutchman's burden" that finds The Netherlands reluctantly aiding minorities within and outside of their borders. Findings have important implications for both The Netherlands and all nations with increasing immigrant populations as discourses, knowledges presented in textbooks impact generations of students, who shape local and national policy regarding racial minorities, racial identities and ideologies.